Mesmo
que o dia comece quando o relógio marca às 00h, a concepção
corrente e espalhada na mente popular é que ele começa sempre ao
raiar do sol, quando já é manhã. Dependendo do local, a hora exata
do nascer solar varia, mas ao que parece, sempre consideram o início
do dia ao raiar do sol.
O
nascer do sol é lindo e encantador para os românticos aficionados
por belas paisagens, principalmente o local que se está favorece as
sensações visuais. Para o trabalhador, em seu cotidiano, o nascer
do sol marca mas um dia árduo de trabalho, cheio de novidades
imprevistas e de e mesmices esperadas. Para quem está iniciando um
novo emprego ou até mesmo mais um momento de férias, o nascer do
dia lhe reserva diversas novidades imprevisíveis, mesmo que algumas
esperadas. São novas sensações.
Quero
falar sobre um dia de minha vida.
Esse
dia começou em fevereiro de 2011.
Bem,
essa manhã, ao raiar do sol, chamada de 2011, era somente o início
de um dos dias mais marcantes de minha vida. Como todo garoto que
sonhava, planejava e criava diversas expectativas sobre seu futuro,
assim era eu. E como a espera por um dia importante, assim esperava
eu por esse dia.
Ele
começou discreto, cheio de novidades. Ao sair de casa, depois de
amanhecer, me deparei com outro mundo. Encantador, misterioso, com
promessas de durezas e violências, ao mesmo tempo prometia alegrias
e realizações. Esse novo mundo, em que minha estadia de um dia
começara, me assombrava pela novidade, e me embelezava pelas formas.
Novas
pessoas, novos locais, novas formas de aprender, novas formas de
viver.
Como
toda manhã, eu, normalmente preguiçoso e sonolento, não consegui
aproveitar muito. Meu metabolismo sempre lento me fez cochilar na
maior parte desse período (nas aulas de física, pra ser mais
claro). Os mais dispostos, que me cercavam, logo se entrosaram nesse
novo mundo de vivências espetaculares. Nos momentos em que acordei,
algo fiz, mas pouco ficou. E o dia correu...
Correu
que a manhã passou, e eu acordei, eu vivi. Vivi e pude me debruçar
por esse mundo cada vez mais novo. Conhecer novas pessoas,
experimentar novas experiências, criar uma nova vida.
Em
um dia, mudei minha vida.
A
tarde me reservou as mais incríveis, inesperadas e, de forma que não
se da para medir, avassaladoras novidades que já me tinham
acontecido nessa breve vida que tinha tido antes desse dia.
Sutilmente,
fiz amigos. Pessoas estranhas se me apresentaram e me conheceram.
Normal, todo dia pessoas novas aparecem na nossa frente. Mas o que é
sútil e inesperado pode devagar se transformar e ganhar proporções
gigantescas.
“Não
despreze os tímidos começos, eles também rumam aos finais”.
As crianças estranhas que conheci cresceram em um dia. Ao fim desse dia passaram de crianças quaisquer a parte integrante e determinantes para o que cheguei a ser, ao fim do dia.
Aprendi
que pessoas não são objetos, no correr desse dia.
A
tarde não me apresentou apenas tais pessoas. A tarde me apresentou a
mim mesmo.
Como
todo jovem imaturo, sonhador, com todo o seu futuro planejado e
traçado detalhadamente (como se pudéssemos determinar cada passo),
assim era eu antes daquele dia. E assim comecei aquele dia. Mas
aquela tarde quebrou todas as concepções que eu tinha sobre mim
mesmo.
Quem
disse que sabemos de tudo sobre nós?
Naquela
tarde, com aquelas pessoas, em meio aquele turbilhão de programações
que não me deixava parar, eu entendi não o que sou, mas o que eu
posso chegar a ser. Nesse dia eu pude saber algo importante sobre
mim. Tais pessoas, como partes constituintes de meu ser, e tais
saberes como formadores de meu pensar, acabaram por influenciar o meu
agir.
Sem
dúvidas, a tarde foi o período mais longo desse dia, com toda essa
relatividade temporal na nossa forma de ver o mundo. Sem dúvidas,
essa tarde que não foi um fim, mas a construção e desenrolar desse
dia, foi a melhor parte. (não falei de 1%, relembre você mesmo dos
99).
A
noite chegou.
Seu
início ainda preservava, em mim, uma vitalidade de um dia corrido.
Mas, como todo dia corrido, o desgaste tinha visivelmente chegado.
Mas ainda dava pra continuar.
Sabe
as pessoas que conheci durante a tarde? Já eram tão familiares
quando a noite chegou.
Sabe
o eu que reconheci em mim durante a tarde? Já estava tão mais
visível quando a noite chegou.
A
noite veio para firmar o que de manhã se apresentou e o que de tarde
se conheceu e construiu. E firmou mesmo. Firmou e esclareceu o que
ainda não se havia esclarecido.
De
noite, quando as crianças imaturas já haviam se transformado em
jovens como um pouco de vivência, as coisas se mostraram mais claras
e firmadas. Tanto eu, como os demais, já pareciam ter uma ideia com
um bom fundamento sobre como a vida é. Claro, chegamos apenas ao
alicerce dessa obra chamada vida.
A
noite demorou a passar, mas está chegando ao fim.
Agora,
depois desse dia corrido, volto para casa. Tudo mudou, de fato. Já
não sou mais o mesmo que de manhã cedo se levantou para conhecer um
pouco da vida, mas volto para casa diferente (e com alguns quilos a
mais). Também cansado.
Como
num dia corrido e bom, chego em casa recordando de tudo o que passou.
Ai
que vontade de viver aquilo de novo!
Ai
que vontade que muito daquilo se repita!
Mas
a vida é assim, efêmera, tudo passa.
Me
preparo para dormir com a sensação de que alguma coisa ainda pode
acontecer, mas já não fará tanta diferença quando se compara ao
que já aconteceu.
Bem,
e o seu dia, como foi?
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