sábado, 6 de setembro de 2014

Devaneio de uma sexta à noite

“Tá, só falo hoje, amanhã já não converso mais”. Quando alguém te diz uma verdade acerca de uma coisa, você pode aceitar e pronto, ou interpretar ou até mesmo rejeitar, como se fosse mentira. Mas quando você está disposto a crer em algo, até uma mentira é tida como verdade, de modo que auto enganar-se parece melhor que aceitar uma verdade cortante e/ou frustrante. Indesejada.

Daí você sabe que é inviável, que não dá certo, que será um erro, mas pensa: “só hoje, amanhã não mais”. Ainda assim, sabendo que está alimentado algo que deve morrer de fome, você continua insistindo, quem sabe por puro instinto. Cada dia se torna um capítulo duma história inexistente e surreal, trazendo a tona um gigante adormecido. Gigante feroz e inexistente, dum mundo irreal, onde nada existe. Agora existe, pois falei.

“Acho que só mais essa vez não agravará o caso, até porque não tem como acabar assim, de uma hora para outra, sem nem ter começado”. Os pensamentos divagantes te fazem crer em uma coisa, tendo a convicção do contrário. Onde está o homem racional, seu Descartes? “O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

“Pronto, essa é a hora de dar fim a isso. Vou me afastar”. Sua convicção te leva a um extremo, tua ação a outro. Quando você pensa que tudo está indo conforme o planejado, a observação te faz ver que tudo está divergindo do planejado. Nada está no lugar. Ou está, depende de quem você escuta, ou de quem você de fato quer escutar.


Assim se acaba um texto, um desabafo, um papo fingido, uma história inexistente, uma fantasia, ou até mesmo um relato substancial de algo concreto, mesmo que abstrato. Quem sabe isso não seja coisa que colocam em sua cabeça. Talvez nem se acabe, pode ser que finalize apenas um capítulo, dum livro não escrito. 

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