“Tá, só falo hoje, amanhã já não
converso mais”. Quando alguém te diz uma verdade acerca de uma coisa, você pode
aceitar e pronto, ou interpretar ou até mesmo rejeitar, como se fosse mentira. Mas
quando você está disposto a crer em algo, até uma mentira é tida como verdade,
de modo que auto enganar-se parece melhor que aceitar uma verdade cortante e/ou
frustrante. Indesejada.
Daí você sabe que é inviável, que
não dá certo, que será um erro, mas pensa: “só hoje, amanhã não mais”. Ainda
assim, sabendo que está alimentado algo que deve morrer de fome, você continua
insistindo, quem sabe por puro instinto. Cada dia se torna um capítulo duma
história inexistente e surreal, trazendo a tona um gigante adormecido. Gigante
feroz e inexistente, dum mundo irreal, onde nada existe. Agora existe, pois
falei.
“Acho que só mais essa vez não agravará o
caso, até porque não tem como acabar assim, de uma hora para outra, sem nem ter
começado”. Os pensamentos divagantes te fazem crer em uma coisa, tendo a
convicção do contrário. Onde está o homem racional, seu Descartes? “O coração
tem razões que a própria razão desconhece”.
“Pronto, essa é a hora de dar fim
a isso. Vou me afastar”. Sua convicção te leva a um extremo, tua ação a outro. Quando
você pensa que tudo está indo conforme o planejado, a observação te faz ver que
tudo está divergindo do planejado. Nada está no lugar. Ou está, depende de quem
você escuta, ou de quem você de fato quer escutar.
Assim se acaba um texto, um
desabafo, um papo fingido, uma história inexistente, uma fantasia, ou até mesmo
um relato substancial de algo concreto, mesmo que abstrato. Quem sabe isso não
seja coisa que colocam em sua cabeça. Talvez nem se acabe, pode ser que
finalize apenas um capítulo, dum livro não escrito.
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